Inteligência Artificial Traduz Latidos: O Futuro da Comunicação com Seu Cão
- Infocusnews 
- 11 de out.
- 3 min de leitura
Novo estudo transforma latidos, uivos e gemidos caninos em fonemas e “palavras”, aproximando humanos e animais

(Imagem:Ilustração/Cachorro/Créditos:Pixabay/Stevebidmead)
Cientistas da Universidade do Texas em Arlington estão revolucionando a forma como nos relacionamos com nossos pets.
Com o uso de inteligência artificial (IA), o pesquisador de ciência da computação Kenny Zhu e sua equipe construíram o maior catálogo global de áudio e vídeo de vocalizações caninas, com o objetivo de transformar latidos, uivos e gemidos em algo similar a fala humana – uma espécie de Pedra de Roseta do latido.
Inteligência Artificial Traduz Latidos: O Futuro da Comunicação com Seu Cão cresceu de uma simples curiosidade infantil de Zhu para um empreendimento científico que pode alterar para sempre a comunicação entre humanos e cães.
Quando criança em Nanquim, China, Zhu viveu rodeado de animais — cães, patos, galinhas e ouriços — e se perguntava o tempo todo o que eles diziam uns aos outros.
Décadas depois, ao assistir um documentário da BBC sobre baleias e golfinhos, ele percebeu que, com IA e seu conhecimento em processamento de linguagem natural, era possível empreender algo mais ambicioso do que apenas observar: decifrar.
O projeto começou de forma curiosa: distinguir se cães da raça Shiba Inu nos Estados Unidos tinham dialetos diferentes dos do Japão. Usando vídeos postados no YouTube, a equipe procurou padrões, mas não encontrou distinções regionais significativas nos latidos.
Com isso, reuniram centenas de horas de gravações sincronizadas de áudio e vídeo para treinar um modelo de IA que separasse vocalizações caninas em fonemas — as menores unidades de som — e organizasse então padrões que se assemelham a palavras.
Decodificar o que um latido, uivo ou gemido realmente significa depende muito do contexto: onde o cão está, o que está fazendo, com quem ou o quê está interagindo.
A equipe correlaciona essas vocalizações com as situações visualizadas nos vídeos — como brincar, comer, medo ou alerta — para identificar possíveis significados. Até o momento, foram transcritas cerca de 50 horas de latidos em sílabas e fonemas distintos.
Os pesquisadores identificaram algumas “palavras possíveis” como “gato”, “gaiola” e “coleira”. Também observaram que essas palavras soam de modo diferente conforme a raça do cão.
Outro achado interessante: conforme um cão envelhece — no caso de huskies estudados, seus latidos tendem a durar mais e, segundo os pesquisadores, podem até se tornar mais sofisticados.

(Imagem:Ilustração/Cachorro/Créditos:Pixabay/RandyRMM)
Esse aumento de sofisticação pode se manifestar na divisão em fonemas ou na variação de sílabas, sugerindo que há desenvolvimento vocal ao longo da vida do animal.
O pesquisador Kenny Zhu afirma que o objetivo final é criar uma ferramenta de tradução instantânea: algo que permita “conversar livremente com seu animal de estimação”.
Ele compara esse processo ao que já há entre línguas humanas, algo que muitos de nós usam no dia a dia — de tradutores automáticos a assistentes virtuais. A grande novidade é aplicar isso à comunicação animal.
Esse trabalho abre possibilidades para várias áreas: comportamento animal, bem-estar, treinamento, lares de adoção, veterinária e até robótica.
Imagine cães que consigam expressar claramente se estão com dor, medo ou conforto; donos ou treinadores que saibam exatamente quando o pet pede mais atenção ou precisa de descanso.
Sem dúvida, isso pode transformar a responsabilidade humana pelos animais.
Há ainda muitos desafios pela frente: ampliar o catálogo para mais raças e idades, garantir gravações em ambientes naturais, não só em vídeos online — lidar com ruídos, diferentes idiomas caninos (se existirem) e validar se as “palavras identificadas” têm significado estável para humanos.
Concluindo, os estudos de Zhu e sua equipe demonstram que estamos apenas no início de uma jornada rumo a uma ponte real entre humanos e cães.
A combinação de fonemas, padrões parecidos com palavras, contexto, idade e raça abre uma perspectiva revolucionária: um dia você poderá entender o que seu cachorro está dizendo – e ele poderá responder de volta de um modo que faça sentido para você.
Fonte: phys.org




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