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Tsunami no Brasil: mito ou possibilidade real para o futuro?

  • Foto do escritor: Infocusnews
    Infocusnews
  • 8 de set.
  • 4 min de leitura

Um dos cenários mais discutidos entre cientistas é o do vulcão Cumbre Vieja, localizado em La Palma, no arquipélago das Ilhas Canárias, a noroeste da África.


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(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)


A ideia de um tsunami atingindo o Brasil sempre despertou curiosidade e, em alguns casos, temor.


Apesar de o país estar em uma posição geologicamente estável, distante das áreas mais vulneráveis do planeta, a discussão volta e meia retorna ao centro dos debates, principalmente quando fenômenos naturais em outras regiões levantam a possibilidade de ondas gigantes cruzarem o oceano Atlântico até chegarem ao litoral brasileiro.


Mas será que realmente existe essa possibilidade? Ou trata-se apenas de um mito?


O que é um tsunami e como ele se forma?


Tsunamis são ondas de grandes proporções, com alturas que podem variar de 10 a 30 metros, em média, dependendo da intensidade do evento que as gerou.


Essas ondas se formam quando há um deslocamento abrupto de uma enorme massa de água, algo que pode acontecer de diferentes formas:


  • Terremotos submarinos: são as causas mais comuns, geralmente originados no encontro de placas tectônicas, onde a instabilidade libera energia suficiente para deslocar a água em grande escala.


  • Erupções vulcânicas: tanto no fundo do mar quanto em áreas costeiras, quando grandes volumes de rochas e magma são lançados no oceano.


  • Deslizamentos de terra submarinos: provocados por abalos ou erupções, capazes de empurrar materiais em massa para dentro do mar.


  • Impactos externos: como meteoritos caindo no oceano ou até grandes explosões em ambiente marinho.


A característica principal do tsunami é a capacidade de percorrer milhares de quilômetros em alta velocidade, muitas vezes sem ser notado em mar aberto, até que atinge áreas costeiras e libera toda a sua força.



O Brasil está protegido?


O Brasil tem uma posição geológica considerada segura quando comparada a países localizados no chamado "Círculo de Fogo do Pacífico", onde ocorrem os terremotos e tsunamis mais devastadores do planeta.


Isso porque o país está localizado no centro da Placa Sul-Americana, longe de zonas de colisão entre placas tectônicas.


Isso significa que a probabilidade de um tsunami ser gerado por um evento interno próximo à costa brasileira é mínima. Ainda assim, isso não elimina totalmente a possibilidade de sermos impactados por ondas geradas em outras regiões do Atlântico.


O risco do vulcão Cumbre Vieja


Um dos cenários mais discutidos entre cientistas é o do vulcão Cumbre Vieja, localizado em La Palma, no arquipélago das Ilhas Canárias, a noroeste da África.


Estudos britânicos realizados no início dos anos 2000 levantaram a hipótese de que uma erupção de grandes proporções poderia causar o desmoronamento de um dos flancos do vulcão.


Esse deslizamento de massa colossal cairia diretamente no oceano, deslocando uma quantidade enorme de água e gerando ondas que poderiam atingir 15 a 40 metros de altura em sua origem.



A energia dessas ondas poderia se propagar pelo Atlântico, alcançando regiões costeiras das Américas, incluindo o Norte e o Nordeste do Brasil.


No entanto, essa teoria divide opiniões. Muitos especialistas acreditam que, embora um deslizamento dessa magnitude seja possível, as chances de ele ocorrer de forma abrupta são extremamente baixas.


Eventos vulcânicos anteriores no Cumbre Vieja, como as erupções de 1949, 1971 e 2021, não provocaram tsunamis significativos.


Evidências históricas de tsunamis no Brasil


Embora a ideia de ondas gigantes no litoral brasileiro pareça improvável, a história mostra que já houve registros de eventos semelhantes:


  • 1755 – Tsunami de Lisboa: O grande terremoto de Lisboa, em Portugal, reverberou por todo o Atlântico. Pesquisas da UERJ indicam que ondas chegaram ao Nordeste brasileiro e também ao Rio de Janeiro, onde alcançaram quase dois metros de altura.


    Em algumas áreas, a água avançou até quatro quilômetros para dentro do continente.


  • 1541 – Capitania de São Vicente (SP): Relatos históricos falam de ondas de até oito metros, que inundaram a região e destruíram edificações. A causa ainda é incerta, mas especialistas sugerem que o fenômeno pode ter sido meteorológico, e não tectônico.


  • Eventos localizados: em diferentes momentos, tremores de intensidade média causaram maremotos e inundações em pontos específicos do litoral brasileiro, mas sem as características devastadoras dos tsunamis observados no Pacífico ou no Índico.


Esses registros reforçam que, embora raros, fenômenos de grande impacto nas águas do Atlântico podem, sim, atingir o litoral do Brasil.



Quais seriam os impactos de um grande tsunami no Brasil?


Caso um evento como o hipotético colapso do Cumbre Vieja realmente acontecesse, o Brasil poderia sofrer consequências sérias, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que estão mais próximas do trajeto das ondas.


Os impactos esperados incluem:


  • Inundação de áreas costeiras baixas, destruindo casas e infraestruturas próximas ao mar.

  • Avanço da água por centenas de metros ou até quilômetros para dentro do território, atingindo inclusive cidades afastadas do litoral.

  • Impactos econômicos severos, principalmente no turismo, pesca e atividades portuárias.

  • Risco à vida humana, com milhares de pessoas expostas em cidades densamente povoadas como Fortaleza, Recife e Salvador.


Vale lembrar que o Brasil não possui sistemas de alerta de tsunami tão avançados quanto os países do Pacífico, o que poderia agravar as consequências de um evento inesperado.


Então, qual é a chance real?


A maioria dos especialistas afirma que as chances de o Brasil ser atingido por um tsunami devastador são muito pequenas.


O país não está em uma zona de risco direto, e as hipóteses envolvendo o vulcão Cumbre Vieja são consideradas de baixa probabilidade.


Ainda assim, o histórico mostra que ondas anômalas já chegaram ao nosso litoral, e os estudos científicos não descartam completamente a possibilidade de novos eventos semelhantes no futuro.


Portanto, o tema não deve ser tratado como mito, mas como um risco remoto, que precisa ser monitorado por centros de pesquisa e órgãos de defesa civil.


O Brasil está longe de ser um dos países mais vulneráveis do mundo quando se fala em tsunamis, mas isso não significa imunidade total.


Fenômenos geológicos e históricos provam que, mesmo que em menor escala, o litoral brasileiro pode ser impactado por ondas gigantes.


Embora a possibilidade de um desastre de grandes proporções seja ínfima, a ciência continua estudando cenários como o do Cumbre Vieja para compreender melhor os riscos e desenvolver mecanismos de prevenção e alerta.


Referência da Matéria/Paloma Guitarrara Brasilescola



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