Descoberta Histórica: Naufrágio do F.J. King, a “Nau Fantasma” do Lago Michigan, é Localizado Após Quase 140 Anos.
- Infocusnews

- 17 de set.
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Para evitar saque e danos deliberados, os locais exatos do naufrágio estão sendo mantidos em sigilo pelas organizações envolvidas.

(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)
Baileys Harbor (Wisconsin), setembro de 2025 — Uma equipe de arqueólogos subaquáticos e pesquisadores cidadãos finalmente encontrou os destroços do F.J. King, uma escuna de carga que naufragou em uma violenta tempestade no Lago Michigan em 15 de setembro de 1886.
A embarcação havia sido considerada perdida e procurada por décadas — até que, em 28 de junho de 2025, arqueólogos mergulharam fundo na história para resgatar, do fundo do lago, um dos náufragos mais cobiçados da região.
Dados Técnicos do Navio
Nome: F. J. King
Tipo: escuna cargueira de madeira, com três mastros.
Construção: fabricada em 1867, em Toledo, Ohio, pelo estaleiro de G. R. Rogers.
Dimensões: cerca de 144 pés (≈ 43,9 metros) de comprimento.
Carga: minério de ferro.
Rota no último percurso: de Escanaba (Michigan) com destino a Chicago (Illinois).
O Naufrágio: Como Tudo Aconteceu
Na noite de 15 de setembro de 1886, o F.J. King enfrentava uma tempestade severa enquanto cruzava o Lago Michigan próximo à Península Door (Wisconsin).
Ondas estimadas entre 2,4 a 3 metros (8 a 10 pés) romperam suas juntas, causando infiltrações graves. Apesar dos esforços extenuantes da tripulação para bombear água, a escuna começou a perder o controle.
Por volta das 2 horas da madrugada, o capitão William Griffin ordenou que os tripulantes abandonassem o navio usando um barco auxiliar (yawl). O F.J. King afundou de proa primeiro.
Assista o vídeo no canal NBC News no YouTube:
O convés traseiro foi arrancado pela tempestade, e documentos do capitão foram arremessados a dezenas de pés no ar. Um outro navio, passando por ali, resgatou a tripulação e levou-a até Baileys Harbor. Não houve mortes reportadas.
A Busca e o Mistério que Perdura Décadas
Desde os anos 1970, mergulhadores, arqueólogos amadores e pescadores relataram fragmentos da escuna em redes de pesca ou dentre destroços flutuantes, mas todas as buscas falharam em localizar o naufrágio completo.
Divergências entre relatos oficiais também atrapalharam. O capitão Griffin afirmava que o navio foi a pique a cerca de 8 km (5 milhas) de Baileys Harbor, enquanto um faroleiro disse ter visto mastros emergindo bem mais próximos da costa. Distâncias imprecisas e correntes noturnas intensas só aumentaram o enigma.
A Descoberta: Tecnologias e Concretização
Data: 28 de junho de 2025.
Equipe: Wisconsin Underwater Archaeology Association, em colaboração com a Wisconsin Historical Society; liderada por Brendon Baillod.
Métodos usados: varredura com sonar lateral (side-scan sonar) e veículos operados remotamente (ROVs).
Localização exata: menos de 0,8 km da posição indicada pelo faroleiro, dentro de uma área de busca de aproximadamente 2 milhas quadradas (≈ 5,17 km²). Profundidade estimada: cerca de 137 pés (≈ 42 metros).
Estado de Conservação & Significado Histórico
Surpreendentemente, o casco do F.J. King foi encontrado quase inteiro — ao contrário do que muitos esperavam, dado o peso de sua carga de minério de ferro.
Isso sugere que as condições do fundo do lago contribuíram para a preservação.
Os pesquisadores observaram que o casco e o convés estão recobertos por mexilhões invasores do tipo quagga, que podem danificar estruturas subaquáticas com o tempo.
Além disso, a descoberta tem grande valor para quem estuda o comércio marítimo dos Grandes Lagos no século XIX, bem como para a arqueologia subaquática, pois fornece dados tangíveis sobre construção naval, rotas comerciais, e condições climáticas extremas da época.
Proteção, Turismo e Responsabilidade
Para evitar saque e danos deliberados, os locais exatos do naufrágio estão sendo mantidos em sigilo pelas organizações envolvidas.
Há planos de inscrever o F.J. King no National Register of Historic Places (Registro Nacional de Lugares Históricos) para garantir sua proteção legal e preservação.
Será criada uma digitalização 3D da embarcação que poderá ser usada em tours de realidade virtual, ampliando o acesso e o valor educativo do achado sem colocar em risco o sítio submerso.
O Que Isso Ensina & Por Que Importa
Persistência da comunidade de arqueologia marítima — Décadas de investigação, muitas hipóteses revisadas, até que a combinação certa de fontes históricas e tecnologia moderna levou ao sucesso.
Importância de relatos históricos menores — O testemunho do faroleiro acabou sendo crucial para ajustar a área de busca.
Tecnologia salva histórias — Sonar lateral e ROVs hoje permitem localizar e documentar naufrágios remotos de forma mais segura e precisa.
Equilíbrio entre divulgação pública e conservação — A preservação exige proteção legal, mas a história do F.J. King também pode servir como atração de turismo cultural.
A localização do F.J. King encerra uma das mais longas caçadas a um naufrágio nos Grandes Lagos, devolvendo à história — e à memória das comunidades de Wisconsin — uma peça perdida por quase 140 anos.
O achado não só reconstitui eventos e rotas do passado marítimo da América do Norte, como também inspira reflexão sobre como tratamos nosso patrimônio submerso.
A escuna agora pode ensinar gerações vindouras, sem que seu corpo afundado se transforme em alvo de saque ou destruição.
Fonte: wuaa




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