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Energia do Gelo: Cientistas Revelam Descoberta que Pode Revolucionar a Geração de Eletricidade.

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    Infocusnews
  • 7 de set.
  • 3 min de leitura

O gelo comum, que conhecemos no dia a dia, revelou-se surpreendentemente flexoelétrico em condições laboratoriais.


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(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)


Em um avanço científico inesperado, pesquisadores do Instituto de Nanociências de Barcelona anunciaram uma descoberta que pode mudar a forma como pensamos sobre energia renovável: o gelo é capaz de gerar eletricidade quando submetido a deformações mecânicas.


Essa descoberta está diretamente ligada ao fenômeno da flexoeletricidade, um processo pelo qual determinados materiais produzem carga elétrica quando sofrem deformações irregulares.


Embora a ideia de carregar um celular com gelo ainda pareça saída de um filme de ficção científica, a pesquisa abre portas para aplicações futuristas em regiões polares, em missões espaciais e até mesmo em explicações mais profundas sobre fenômenos climáticos como tempestades e relâmpagos.



O que é flexoeletricidade?


A flexoeletricidade é um fenômeno físico relativamente pouco explorado, mas que ganha cada vez mais atenção no campo da ciência dos materiais.


Ela ocorre quando certos materiais, ao serem deformados de maneira não uniforme, produzem cargas elétricas.


Diferente da piezoeletricidade (onde cristais como o quartzo geram eletricidade sob pressão), a flexoeletricidade depende de deformações irregulares, como dobras ou curvaturas.


O gelo comum, que conhecemos no dia a dia, revelou-se surpreendentemente flexoelétrico em condições laboratoriais. Quando placas de gelo foram colocadas entre duas superfícies metálicas e levemente dobradas, os cientistas conseguiram medir uma carga elétrica real e consistente.


Para que esse fenômeno ocorra de forma significativa, são necessárias temperaturas extremamente baixas, abaixo de -79°C.


Nessas condições, a superfície do gelo apresenta comportamento semelhante ao de materiais ferroelétricos, que possuem uma polarização elétrica natural reversível com a aplicação de um campo elétrico externo.



De acordo com o pesquisador Dr. Xin Wen, a superfície do gelo pode desenvolver polarização elétrica espontânea, fenômeno que ajuda a explicar a forma como cargas elétricas se acumulam em nuvens de tempestade, resultando na formação de raios.


Isso mostra que a descoberta não apenas tem aplicações tecnológicas, mas também fornece pistas sobre os mecanismos naturais da atmosfera terrestre.


Implicações para energia sustentável


O conceito de usar gelo como fonte de energia pode parecer distante da realidade atual, mas representa um novo horizonte para a inovação energética.


Regiões onde o gelo é abundante, como as calotas polares e ambientes extraterrestres cobertos por gelo, podem se beneficiar dessa tecnologia.

Imagine, por exemplo:


  • Bases científicas na Antártida utilizando o próprio gelo ao redor como fonte complementar de energia.


  • Sondas espaciais em luas geladas de Júpiter e Saturno, como Europa e Encélado, aproveitando o gelo local para gerar energia suficiente para instrumentos científicos.


  • Tecnologias de nanosensores em ambientes extremamente frios, capazes de operar indefinidamente apenas com as pequenas cargas geradas pelo gelo deformado.


Esses cenários, embora ainda no campo da pesquisa experimental, mostram o potencial revolucionário dessa descoberta.



Da atmosfera terrestre ao espaço profundo


Além das aplicações práticas, a descoberta ajuda a lançar luz sobre fenômenos climáticos que há muito intrigam os cientistas.


A presença de carga elétrica natural na superfície do gelo pode ser um fator determinante para o carregamento elétrico das nuvens de tempestade.


Isso significa que o gelo, que já desempenha papel importante na formação de granizo e na dinâmica atmosférica, pode também ser fundamental para a geração de raios.


No espaço, a situação é igualmente promissora. Muitas luas e planetas do sistema solar são cobertos por gelo, como Europa, Ganimedes, Encélado, Tritão e Plutão.


A ideia de que sondas ou robôs possam extrair energia diretamente do gelo alienígena é uma perspectiva empolgante para futuras missões de exploração espacial.


Um futuro ainda distante, mas possível


Atualmente, a tecnologia ainda está em estágio inicial. Os experimentos realizados até agora demonstraram que é possível medir a carga elétrica gerada pelo gelo, mas transformar isso em uma fonte de energia escalável é um desafio que exigirá anos de pesquisa.


Ainda assim, a descoberta já é suficiente para mudar a forma como pensamos sobre o gelo. Antes visto apenas como um estado físico da água, agora ele pode ser considerado um material funcional com propriedades eletromecânicas únicas.


No futuro, não será impossível imaginar dispositivos capazes de captar energia diretamente do gelo, tornando-se uma alternativa limpa e abundante em ambientes específicos.


Embora carregar um celular com gelo ainda esteja longe da realidade, essa ideia já não é apenas ficção: ela tem base científica concreta.



O estudo liderado pelo Instituto de Nanociências de Barcelona mostra que até mesmo os materiais mais simples e comuns podem guardar propriedades extraordinárias.


A capacidade do gelo de gerar eletricidade quando dobrado é mais do que uma curiosidade científica – é um marco na busca por novas formas de energia sustentável.


Seja na explicação de fenômenos atmosféricos da Terra, seja no fornecimento de energia em ambientes extremos da Antártida ou em luas congeladas do sistema solar, o gelo pode se tornar um aliado inesperado na revolução energética do futuro.




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