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ESA Registra o Cometa Interestelar 3I/ATLAS em Raro Encontro com Marte.

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    Infocusnews
  • 8 de out.
  • 4 min de leitura

Câmera do orbitador ExoMars TGO capta imagens inéditas do objeto vindo de fora do Sistema Solar.


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(Imagem:Créditos:ExoMars TGO images comet 3I/ATLAS)


A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou oficialmente, nesta segunda-feira (07 de outubro de 2025), as primeiras imagens confirmadas do cometa 3I/ATLAS durante sua passagem próxima a Marte, um evento astronômico de rara observação.


O registro foi feito pela câmera CaSSIS (Colour and Stereo Surface Imaging System), instalada a bordo do orbitador ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), que atualmente estuda a atmosfera marciana e sua composição química.


Mesmo sem ter sido projetada para capturar objetos de brilho fraco, a câmera CaSSIS conseguiu identificar o cometa durante o rasante com o planeta vermelho.


Essa observação abre novas possibilidades de estudo sobre objetos interestelares, corpos celestes que se formaram fora do Sistema Solar e atravessam nossa vizinhança cósmica.



Observação de um evento histórico

O registro do cometa interestelar 3I/ATLAS representa um marco importante para a astronomia moderna.


Essa é apenas a terceira vez que um objeto interestelar é oficialmente detectado em nosso sistema, após o famoso ‘Oumuamua (1I/2017 U1) e 2I/Borisov.


O evento reforça o interesse da comunidade científica internacional em entender melhor esses mensageiros cósmicos, que podem carregar pistas sobre a formação de outros sistemas planetários.


A ESA (Agência Espacial Europeia) informou que o limite de exposição da câmera CaSSIS é de 0,5 segundo, tempo suficiente para observar a superfície altamente refletiva de Marte, mas insuficiente para capturar em detalhes objetos de brilho reduzido, como um cometa distante.


Mesmo assim, o orbitador conseguiu registrar o 3I/ATLAS com uma série de imagens sucessivas, revelando um ponto luminoso difuso movendo-se lentamente no fundo escuro do espaço.

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Ao ampliar os frames capturados, os pesquisadores da missão notaram o que parece ser um corpo girando suavemente, com brilho variável — um indício de possível rotação.


No entanto, os cientistas alertam que essa percepção pode estar relacionada às limitações técnicas do equipamento, e não necessariamente à estrutura física do cometa.


Segundo comunicado da ESA, a câmera CaSSIS não foi desenvolvida para observações astronômicas profundas, mas para estudos da superfície marciana.


Isso significa que o foco, o contraste e a sensibilidade à luz do instrumento são calibrados para um ambiente muito mais brilhante do que o espaço profundo.


Ainda assim, a equipe conseguiu empilhar várias exposições de 5 segundos para evidenciar a presença do 3I/ATLAS — técnica conhecida como image stacking, usada para realçar objetos tênues.


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(Imagem:Créditos:ExoMars TGO images comet 3I/ATLAS)


O resultado é um registro visual modesto, porém cientificamente valioso, pois confirma a posição, velocidade aparente e intensidade luminosa do cometa durante sua passagem.


Segundo a ESA, a observação foi considerada “um desafio técnico notável”, dado que o 3I/ATLAS é entre 10 mil e 100 mil vezes mais fraco do que os alvos habituais da câmera.


Estudos recentes com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram que a coma — a nuvem gasosa que envolve o núcleo do cometa, é rica em dióxido de carbono (CO₂), além de conter água, monóxido de carbono e traços de compostos orgânicos voláteis.


Essa combinação indica que o 3I/ATLAS tem uma composição química ativa, semelhante à de cometas formados em regiões externas de sistemas estelares.


Embora as estimativas variem, acredita-se que o núcleo sólido do cometa tenha entre centenas de metros e alguns quilômetros de diâmetro.


Sua órbita hiperbólica — diferente das trajetórias elípticas dos cometas comuns — confirma sua origem interestelar, ou seja, ele não pertence ao Sistema Solar.


Simulações de trajetória mostram que o 3I/ATLAS não teve encontros próximos com estrelas conhecidas nos últimos milhões de anos, reforçando que veio de muito além da nossa vizinhança estelar.


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A ESA destacou que as condições de observação não foram ideais. O cometa estava extremamente distante e sua luminosidade era baixa demais para um registro detalhado.


Ainda assim, a equipe de controle do ExoMars TGO conseguiu alinhar o rastreamento e capturar a passagem, mesmo que o resultado seja apenas um ponto difuso nas imagens.


Devido ao ruído eletrônico, vibrações do orbitador e ao ajuste automático de foco para o brilho de Marte, as imagens apresentaram artefatos visuais — pequenas distorções que podem dar a impressão de movimento irregular ou forma incomum.


Apesar disso, o fenômeno foi confirmado com base em cálculos orbitais e coordenadas exatas da trajetória do cometa.


Cientistas enfatizam que interpretações visuais como “rotação” ou “forma incomum” devem ser avaliadas com cautela.


O que parece ser uma estrutura diferenciada pode, na verdade, ser apenas um efeito de dispersão da luz ou resultado do processamento digital das imagens.



Importância científica e próximos passos

A observação do 3I/ATLAS por Marte é um feito inédito, e a ESA pretende combinar os dados do ExoMars TGO com observações de outros telescópios, como o Mars Express e o James Webb, para aprofundar o estudo.


A análise espectral poderá revelar mais detalhes sobre a composição da coma e a taxa de liberação de gases, o que ajudará a compreender melhor como esses objetos interestelares se comportam ao atravessar o Sistema Solar.


A missão também abre caminho para futuras observações de objetos similares. Cada detecção como essa amplia o conhecimento sobre a diversidade de corpos celestes existentes além do nosso Sol e fornece pistas sobre as condições químicas e físicas de outros sistemas planetários na galáxia.


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(Imagem:Créditos:ExoMars TGO images comet 3I/ATLAS)


O registro do cometa interestelar 3I/ATLAS pela ESA durante sua aproximação de Marte marca um novo capítulo na exploração científica do espaço.


Mesmo com limitações técnicas, a captura realizada pela câmera CaSSIS do ExoMars TGO comprova que a cooperação internacional entre agências espaciais pode gerar resultados notáveis, mesmo quando o objetivo principal da missão não é a astronomia observacional.


A expectativa agora é que as futuras análises desses dados ajudem a desvendar a verdadeira natureza do 3I/ATLAS, um visitante cósmico que, por alguns instantes, cruzou o céu de Marte e deixou sua marca nos registros da história científica.


Fontes:


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