Estudo revela características inéditas do objeto interestelar 3I/ATLAS.
- Infocusnews

- 9 de set.
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As observações foram realizadas em fase pré-periélio ou seja, antes do ponto de maior aproximação com o Sol.

(Imagem/ilustração/Créditos: ChatGpt)
A astronomia acaba de ganhar mais um capítulo intrigante com a divulgação das primeiras observações polarimétricas do terceiro objeto interestelar descoberto pela ciência: o 3I/ATLAS (C/2025 N1).
Esse corpo celeste, detectado em julho de 2025, tem despertado grande atenção da comunidade científica, não apenas por sua raridade, mas também por apresentar propriedades que podem expandir significativamente o entendimento sobre a diversidade de visitantes cósmicos que atravessam o Sistema Solar.
As observações foram realizadas em fase pré-periélio — ou seja, antes do ponto de maior aproximação com o Sol, utilizando alguns dos instrumentos mais avançados disponíveis atualmente, como o FORS2 instalado no Very Large Telescope (VLT) no Chile, o ALFOSC no Nordic Optical Telescope (NOT) em La Palma, e o FoReRo2 no telescópio RCC, na Bulgária.
Essas medições cobriram ângulos de fase entre 7,7° e 22,4°, possibilitando uma análise detalhada do comportamento da luz refletida pelo objeto.
O estudo é considerado pioneiro por se tratar apenas da segunda investigação polarimétrica feita em um objeto interestelar, sendo a primeira com 2I/Borisov, descoberto em 2019.
Na ocasião, Borisov se destacou por apresentar uma polarização positiva superior à da maioria dos cometas conhecidos do Sistema Solar, sugerindo uma composição diferente.
Já no caso de 3I/ATLAS, os resultados se mostraram ainda mais surpreendentes: o objeto revelou um ramo de polarização negativa profundo e estreito, atingindo um valor mínimo de -2,7% em um ângulo de fase de 7°, com ângulo de inversão em 17°.
Essa combinação não possui paralelo entre os asteroides e cometas já estudados, incluindo o próprio Borisov.
Esses dados abrem novas possibilidades para a classificação de corpos interestelares, uma vez que 3I/ATLAS parece representar um tipo distinto de cometa.
A comparação com pequenos objetos transnetunianos e com o centauro Pholus, conhecidos por apresentarem inclinações semelhantes na curva de fase de polarização em ângulos reduzidos, reforça a hipótese de que o 3I seja rico em gelo e possua uma superfície avermelhada.
Evidências espectroscópicas independentes já apontavam nessa direção, sugerindo que o visitante interestelar pode abrigar água congelada e compostos orgânicos.
As imagens obtidas confirmaram a presença de uma coma difusa durante as primeiras observações, o que caracteriza sua atividade cometária.
No entanto, não foram detectadas estruturas polarimétricas marcantes associadas a jatos ou assimetrias, comuns em cometas ativos do Sistema Solar. Isso levanta questões sobre a natureza do processo de sublimação no 3I/ATLAS e sobre as condições físicas que moldam sua atividade.
A descoberta é ainda mais relevante quando lembramos que, até hoje, apenas três objetos interestelares foram confirmados: 1I/ʻOumuamua (2017), 2I/Borisov (2019) e agora 3I/ATLAS (2025). Cada um deles apresentou propriedades únicas.
ʻOumuamua surpreendeu pela forma alongada e ausência de atividade cometária clara, levantando inclusive hipóteses de origem artificial. Borisov se comportou como um cometa típico, mas com diferenças marcantes em sua polarização.
Já o ATLAS surge agora como um enigma ainda maior, trazendo informações inéditas e sugerindo que o universo abriga uma diversidade de visitantes muito maior do que se imaginava.
Esses achados podem redefinir a forma como a astronomia classifica e compreende os corpos que se formaram em outros sistemas estelares.
Se por um lado ʻOumuamua parece ter sido esculpido por processos dinâmicos únicos, e Borisov trouxe à tona um cometa interestelar mais convencional, o 3I/ATLAS aponta para a existência de variantes híbridas ou intermediárias, que combinam características de asteroides, cometas e objetos transnetunianos.
Além da importância científica, estudos como esse são fundamentais para entender como esses corpos podem ter relação com a formação planetária em outros sistemas solares.
Muitos pesquisadores acreditam que objetos interestelares são fragmentos ejetados durante os estágios primordiais da formação de planetas e estrelas, funcionando como cápsulas do tempo cósmicas que carregam pistas sobre ambientes de nascimento completamente distintos do nosso.
O 3I/ATLAS ainda será alvo de diversas investigações futuras, com telescópios espaciais e terrestres. Observações adicionais em diferentes ângulos de fase e espectros poderão confirmar a presença de gelo de água e compostos orgânicos complexos, o que aumentaria ainda mais o interesse em compreender sua composição.
Também será crucial monitorar sua atividade conforme se aproxima e depois se afasta do Sol, permitindo comparações com a evolução de outros cometas.
No cenário mais amplo, a descoberta e o estudo do 3I/ATLAS reforçam a ideia de que o trânsito de corpos interestelares pelo Sistema Solar não é um evento tão raro quanto se imaginava.
Com os avanços nos sistemas de monitoramento e nos levantamentos astronômicos em tempo real, é provável que novos visitantes sejam detectados nos próximos anos, ampliando o catálogo e a compreensão desses mensageiros cósmicos.
Em resumo, o 3I/ATLAS representa não apenas um novo enigma para a astronomia, mas também uma oportunidade única de expandir os limites do conhecimento humano sobre a diversidade de mundos que existem além das fronteiras do Sistema Solar.
Seu estudo detalhado poderá fornecer pistas cruciais sobre a origem e a evolução de materiais primordiais em diferentes ambientes estelares, ajudando a responder perguntas fundamentais sobre a própria formação dos sistemas planetários.
Com base no estudo e nas informações já coletadas sobre o 3I/ATLAS (C/2025 N1), a imagem mais plausível desse objeto interestelar seria a seguinte:

(Imagem/ilustração/Créditos: ChatGpt)
Forma e núcleo: provavelmente irregular, semelhante ao de um cometa típico do Sistema Solar, mas sem medidas diretas ainda. O núcleo deve ter algumas centenas de metros até poucos quilômetros, com superfície escura e avermelhada (em razão de compostos orgânicos complexos e exposição à radiação cósmica).
Cor predominante: tons avermelhados e amarronzados, semelhantes a certos objetos transnetunianos e ao centauro Pholus, reforçando a hipótese de uma superfície rica em gelo misturado a material orgânico.
Coma difusa: já confirmada nas observações. Trata-se de uma nuvem tênue de poeira e gás, pouco brilhante, envolvendo o núcleo. Essa coma não exibe jatos bem definidos como alguns cometas do Sistema Solar, mas forma um halo suave, quase esférico.
Cauda: como o estudo foi feito em pré-periélio, a atividade era moderada. Assim, é provável que o 3I/ATLAS apresente uma cauda curta e discreta, formada por poeira expelida pelo aquecimento solar inicial. Em sua máxima atividade, essa cauda pode se alongar, mas não deve ser tão marcante quanto a de cometas como o Halley.
Brilho: fraco e difuso, mais visível em longas exposições com telescópios potentes do que a olho nu.
Em resumo:
O 3I/ATLAS seria visto como um núcleo avermelhado, pequeno e escuro, cercado por uma coma difusa esbranquiçada ou acinzentada, com início de uma cauda discreta, lembrando um cometa “tímido”, mas com cores e características únicas que o diferenciam dos cometas tradicionais.
Fonte do estudo: Cornell Univesity



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