Modelos Climáticos dos Anos 1990 Previram com Precisão Inquietante a Elevação do Nível do Mar.

Os dados por satélite confirmam não apenas que o nível do mar subiu conforme o previsto, mas que a taxa de aumento acelerou nos últimos 30 anos.

(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)

Um estudo recente, publicado em acesso aberto na revista Earth’s Future, confirma que as previsões de elevação do nível do mar feitas no relatório do IPCC de 1996 foram notavelmente precisas, combinando rigor científico com relevância contemporânea.

Isso reforça a importância de levar a sério os cenários futuros de aumento do mar.

1. Contexto Histórico e Importância Científica

Na década de 1990, logo após o lançamento das primeiras medições por satélite (iniciadas em 1993), o IPCC publicou o Segundo Relatório de Avaliação (SAR, 1995/1996), incluindo o cenário IS92a.

Este projetou uma elevação global média do nível do mar de aproximadamente 8 centímetros entre 1993 e 2023, exatamente o intervalo agora observado pelos dados. ResearchGateTulane News.

2. O Estudo Recente e Seus Autores

Liderado por Torbjörn Törnqvist (Universidade de Tulane) e Sönke Dangendorf (mesma instituição), com coautoria de Clinton P. Conrad e Benjamin D. Hamlington (JPL/Caltech), o trabalho avaliou as projeções originais em comparação com três décadas de dados por satélite. ResearchGateNew Orleans CityBusiness.

O artigo, intitulado "Evaluating IPCC Projections of Global Sea‐Level Change from the Pre-Satellite Era", foi publicado em agosto de 2025, recebendo nova atenção pela sua relevância. ResearchGate

3. Projeções vs. Realidade: Quase um Acerto!

• A previsão de cerca de 8 cm de elevação foi muito próxima do valor observado — aproximadamente 9 cm — resultando em uma subestimativa de apenas 1 cm. Tulane NewsResearchGate.

• Modelos iniciais acertaram razoavelmente bem as contribuições esperadas de expansão térmica e derretimento de glaciares menores.

• Contudo, subestimaram significativamente o derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, que representaram cerca de 25% da elevação real.

  
  

  Alguns modelos sequer consideraram mudanças nos reservatórios terrestres de água (como águas subterrâneas), que também contribuíram mais do que o previsto.

  
  

• A precisão do resultado foi parcialmente coincidência: superestimação da expansão térmica compensou a violência da subestimação do gelo polar.

  
  

4. Aceleramento Observado e Impactos Regionais

Os dados por satélite confirmam não apenas que o nível do mar subiu conforme o previsto, mas que a taxa de aumento acelerou nos últimos 30 anos. Estima-se que o ritmo de subida dobrou nesse período — uma tendência muito alarmante para regiões costeiras. Tulane NewsEarth.com.

(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)

Sönke Dangendorf ressalta que a elevação do mar é altamente heterogênea, variando conforme correntes e fatores regionais. Isso torna os dados granulares da NASA e da NOAA essenciais para o planejamento local — por exemplo, no sul da Louisiana, onde a adaptação é urgente. Tulane NewsNew Orleans CityBusiness.

5. O Que Isso Significa para o Futuro?

• A robustez das projeções antigas, combinada com as melhorias tecnológicas e metodológicas, reforça nossa confiança nas previsões climáticas futuras.

  
  

• A subestimação do derretimento do gelo polar serve como alerta: cenários futuros podem ser ainda mais extremos se esses processos se intensificarem. A incerteza persiste, e isso exige vigilância e modelagem contínuas. Earth.com.

  
  

• A adaptação de cidades costeiras agora deve considerar não apenas cenários lineares, mas sim cenários de aceleração, e promover soluções regionais com base em dados satelitais e projeções customizadas. Tulane NewsNew Orleans CityBusiness.

  
  

Este estudo reafirma que a ciência climática já estava no caminho certo há décadas: o IPCC de 1996 previu com precisão o aumento do nível do mar. Porém, as partes mais dinâmicas como as camadas de gelo, ainda são áreas de vulnerabilidade e incerteza.

Aceleramentos observados desafiam cidades costeiras, exigindo estratégias de adaptação urgentes, fundamentadas em dados globais e regionais robustos.

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