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“Missões Espaciais Aceleram o Envelhecimento de Células-Tronco: Impactos para a Saúde e o Futuro da Exploração”

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    Infocusnews
  • 9 de set.
  • 3 min de leitura

Estudos preliminares indicam que, uma vez de volta à Terra, as células podem se recuperar em até um ano.


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(Imagem Ilustração/Créditos:GilAlves)


A exploração do espaço já era conhecida por impor riscos à saúde humana, desde a perda de massa óssea e muscular até alterações visuais, cardiovasculares, do sono e do sistema imunológico.


Agora, um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego, com apoio da NASA, revela um problema ainda mais preocupante: células-tronco humanas podem envelhecer muito mais rapidamente no ambiente espacial, um fator crítico para missões de longa duração, como viagens a Marte.


O que o estudo revelou


Entre dezembro de 2021 e março de 2023, amostras de células-tronco hematopoéticas — responsáveis pela produção de sangue e células imunológicas, foram enviadas à Estação Espacial Internacional (ISS) em quatro missões de reabastecimento da SpaceX.


Os pesquisadores compararam essas células com amostras idênticas mantidas na Terra.


Durante períodos de 32 a 45 dias em microgravidade e expostas à radiação cósmica, as células espaciais mostraram sinais claros de envelhecimento acelerado:


  • Perda da capacidade de regenerar células novas e saudáveis.


  • Danos no DNA e desgaste nos telômeros — pequenas “capas” dos cromossomos associadas ao envelhecimento celular.


  • Estresse inflamatório nas mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia celular.


  • Ativação de porções do genoma que normalmente permanecem silenciadas, o que pode indicar instabilidade genética.


“Espaço é o teste de estresse definitivo para o corpo humano”, afirmou a principal pesquisadora, Dra. Catriona Jamieson, diretora do Sanford Stem Cell Institute.



Implicações para a saúde espacial e terrestre


Esses resultados lançam luz sobre os riscos que longas viagens espaciais podem trazer à saúde, especialmente em relação à imunidade, regeneração celular, risco de câncer e envelhecimento biológico acelerado.


A variabilidade entre os doadores sugere que certos indivíduos podem ter maior resiliência, um dado crucial para seleção e preparo de astronautas.


Além disso, os danos observados nas células-tronco espaciais são semelhantes ao estresse celular visto em doenças na Terra, como câncer de sangue. Isso pode abrir caminhos para tratamentos médicos no planeta natal, usando o espaço como laboratório acelerador de envelhecimento.



Possíveis soluções e próximos passos


A boa notícia é que parte dos danos parece ser reversível. Estudos preliminares indicam que, uma vez de volta à Terra, as células podem se recuperar em até um ano. Isso oferece esperança para estratégias de mitigação e recuperação pós-missão.


A equipe de Jamieson planeja expandir essa pesquisa: novos experimentos devem testar contramedidas biológicas e farmacológicas para proteger as células-tronco durante voos longos. A tecnologia de “nanobiorreatores”, combinada com IA, já permite monitoramento em tempo real da saúde celular em órbita.


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(Imagem:Astronaut/International space station/Créditos WikiImages/Pixabay)


Por que isso é importante


  • Para missões a Marte e além: uma viagem ao planeta vermelho pode durar seis meses só de ida, tornando essencial o entendimento dos efeitos cumulativos do espaço no corpo humano.


  • Para a medicina na Terra: essa pesquisa pode acelerar o desenvolvimento de tratamentos contra envelhecimento celular, imunodeficiências e câncer.


  • Para o futuro da exploração espacial: conhecer quais indivíduos envelhecem menos no espaço pode orientar seleção, preparo e cuidados médicos dos astronautas.


A ciência vem mostrando que a conquista do espaço não é apenas uma questão de engenharia e foguetes potentes, mas também um desafio biológico profundo.


O envelhecimento acelerado das células-tronco humanas nos lembra que cada passo rumo às estrelas carrega consigo riscos invisíveis, porém determinantes.


Ao mesmo tempo, cada descoberta traz não apenas alertas, mas também oportunidades: aprender a proteger a saúde dos astronautas pode abrir novas portas para tratamentos aqui na Terra, beneficiando milhões de pessoas.


Assim, enquanto olhamos para Marte e para além dele, precisamos lembrar que o maior território ainda a ser explorado é o interior do próprio corpo humano.


E talvez, ao desbravar o cosmos, acabemos também revelando os segredos da vida, da longevidade e da própria condição humana.


Referência da matéria: Nbcnews



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